Taveira's Advogados

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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Os bárbaros no poder

Por Lev Chaim

Quando ouvi que o Supremo Tribunal Federal anulou o processo de impeachment contra Dilma Roussef, que corria na Câmara dos Deputados, com apenas um golpe da caneta, numa votação de oito contra três, fiquei boquiaberto como também toda a Europa. Isto, para salvar a pele dos corruptos, sem se importar o mínimo com a nação que naufraga ao léu rumo à bancarrota. Não é atoa que já chamam o Brasil por aqui de a ‘Republiqueta de Bananas’. 
Como disse o grande jornalista Fernão Lara Mesquita, os que gritavam ‘golpe’, na verdade, deram o golpe. O que eles chamavam de ‘golpe’, nada mais era que uma tentativa de se eliminar a institucionalização da corrupção, enraizada em quase todas as instâncias da vida política da nação, implantada de forma sistemática pelo PT e Associados, com quantias ‘pequenas’ e ‘astronômicas’ que se equivalem ao PIB de muitas nações. 
O povo brasileiro terá que voltar às ruas, mais uma vez, para lutar contra esses verdadeiros golpistas que querem poder e dinheiro, custe o que custar. E tudo isto porque os juízes do STF não honraram suas profissões, ao votar pelo fim do processo de impeachment de Dilma, consequentemente favorável aos corruptos que fazem sangrar a nação. O país é uma chaleira de água prestes a explodir. 
Até parece um pesadelo horrível de onde um dia espero acordar. Foi mais um golpe à nação, desta vez efetivado pelo Supremo, apadrinhados por aqueles que agem ilegalmente e há muito tempo. Logo quando li a notícia, primeiro através de uma publicação portuguesa, Observador, e depois através de um artigo de Fernão Lara Mesquita, no Vespeiro, sobre AI-6, veio-me à mente o que disse uma vez, o grande escritor argentino, Jorge Luis Borges: 
“Não tenho a certeza absoluta da minha existência. Sou todos os escritores que um dia li, todos que um dia encontrei, todas as mulheres que um dia amei; todas as cidades que visitei”. 
Borges estava absolutamente certo. Somos o resumo de tudo que encontramos na vida, na dita bagagem genética intelectual do ser humano. Com isto, sofro só de pensar na atual juventude brasileira que, há uns bons anos, não tem visto nada mais que uma ramificação generalizada de um sistema corrupto por todos os rincões da vida pública do país. Esta é a primeira vez que ficou claro que esta corrupção também se infiltrou nos corredores do Supremo.    
Todos esses jovens, que miram o exemplo desses políticos brasileiros, passarão por momentos difíceis até que percebam que tudo isto, na verdade, deverá ser apagado para que marcas indeléveis não fiquem para sempre em sua forma de pensar o mundo. Para alguns, até pode ser tarde demais, já que eles não conhecem outra coisa. Tudo isto me fez lembrar os estragos que o ditador soviético Josef Stalin provocou na vida dos cidadãos da velha União Soviética.  
Na atual Rússia, quase não existe o poder de crítica e análise por parte da população, porque este mesmo povo, por décadas e gerações, nunca aprendeu a tê-lo, sedados por seus ditatoriais governantes. Com isto não quero dizer que os russos não tenham uma alma romântica e o amor à pátria, mas sim, que este bom sentimento foi usado para escravizá-los, num país onde as fontes de informações só mostram os fatos sob o ponto de vista do governo. 
Se não agirmos em tempo, a jovem geração de brasileiros perderá o poder de pensar por si própria – uma das coisas mais importantes por ser humano, como disse uma vez a grande filósofa alemã, Hanna Arendt. Para os juízes do Supremo, ao que tudo leva crer, não importa o naufrágio do país, mas sim, a manutenção da atual ‘quadrilha no poder’ que finge governar a nação. Quem diria que um dia estaríamos assistindo a tudo isto.  
O grande poeta grego Kavafis uma vez disse em um poema: “Diante da total falta de perspectiva para a nação, ficamos à espera dos bárbaros, mas eles não vieram”. Ali, o poeta aludiu que apenas a espera dos bárbaros já era uma forma de esperança para a nação. 
No Brasil, ao que tudo indica, os bárbaros já chegaram, tomaram o poder, decepcionaram a todos e só agora o povo está se dando conta do fato: um país sob a ditadura petista disfarçada com um verniz de democracia, que tem a corrupção como arma e um bando arruaceiros como exército. Exatamente como o atual ditador russo, Vladimir Putin, que faz o uso da corrupção e, quando ela não funciona, parte para a violência.   

Veja o vídeo:

*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o Domtotal.

Fonte: Dom total.

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